No dia 9 de julho de 2017, o Cais do Valongo, na Região Portuária do Rio de Janeiro, foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Foi o primeiro sítio da memória da diáspora africana no mundo a receber essa chancela , um marco histórico, simbólico e político para o Brasil e para toda a comunidade internacional.
Construído em 1811, o Cais do Valongo foi o principal porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas passaram por esse local entre o século XIX e o fim do tráfico negreiro. Durante séculos, essa história foi silenciada. Mas, em 2011, as obras de reurbanização do Porto Maravilha trouxeram à tona os vestígios do cais original, escavando camadas profundas da história brasileira.
Patrimonializar o Valongo é reconhecer a dor e a resistência da população negra, combater o apagamento histórico e preservar um território de ancestralidade. É transformar o passado em memória viva, não apenas para não esquecermos, mas para construirmos um futuro mais justo.
A atuação do idg no Cais do Valongo
Entre 2020 e 2022, o Instituto de idg-Desenvolvimento e Gestão ( foi responsável pela gestão do sítio histórico do Cais do Valongo, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Durante esse período, o idg desenvolveu uma série de ações voltadas à valorização do espaço como lugar de memória, escuta e mediação cultural. Foram realizadas:
- Visitas guiadas com foco em formação de público e educação patrimonial
- Oficinas e atividades com as comunidades do entorno
- Capacitação de educadores e agentes culturais
- Campanhas de sensibilização sobre o valor histórico e social do sítio
A atuação do Instituto partiu do princípio de que a preservação do patrimônio cultural deve estar integrada à promoção de direitos, à justiça social e ao fortalecimento da identidade das populações historicamente marginalizadas.
Cultura como ferramenta de transformação
Como escreveu a autora Eliana Alves Cruz em O crime do Cais do Valongo, “não há nação sem memória. Não há futuro justo sem passado enfrentado”. A patrimonialização do Valongo é, acima de tudo, um passo no caminho da reparação histórica e da valorização do protagonismo negro na formação do Brasil.
O idg acredita que a cultura tem um papel fundamental na construção de uma sociedade mais inclusiva, diversa e democrática. Preservar espaços como o Cais do Valongo é garantir que vozes antes silenciadas sejam ouvidas e que a memória se torne um motor de transformação.