Presidente do IDG debate cultura na Câmara

 

Para debater a situação atual e os desafios presentes e futuros dos museus brasileiros e do patrimônio histórico nacional, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados fez ontem, em Brasília, uma audiência pública convocada pelo deputado federal e diplomata Marcelo Calero. Em pauta, as formas de gestão e financiamento, a preservação da memória e manutenção dos prédios históricos, a diversidade, grandiosidade e relevância dos museus -- tidos como locais de difusão de conhecimento e impulsionadores de turismo -- e a necessidade de a cultura estar atrelada a políticas de Estado comprometidas com o interesse público.

 

O Instituto de Desenvolvimento e Gestão foi representado pelo seu diretor-presidente Ricardo Piquet, que ressaltou a necessidade de os gestores culturais pensarem modelos de negócios adequados para a sustentabilidade econômica de equipamentos culturais, além de investirem em avaliação e divulgação dos resultados de suas ações.

 

"Para um projeto dar certo, precisamos de respaldo e segurança do ente público, mas também oferecer uma gestão transparente e ética, calcada num modelo de governança que ofereça segurança jurídica e financeira para as pessoas, empresas e investidores. No IDG, temos uma área de compliance, conselhos de administração e auditoria interna e externa. No Museu do Amanhã, contamos também com conselhos científico e estratégico", comentou Piquet.

 

O executivo apresentou o balanço dos quase cinco anos de gestão no Museu do Amanhã, incluindo a quantidade de visitantes, que deve chegar a 4 milhões até o fim de 2019; o número do seu programa de Vizinhos, que dá acesso gratuito à comunidade de moradores cadastrados da região portuária; prêmios como o LCD Awards na categoria Soft Power, que mostra a capacidade de engajamento de seu público; entre outras realizações. Ele frisou que todo ativo público, equipamento cultural ou patrimônio histórico tem que ter importância social e significado para a comunidade.

 

"No Museu do Amanhã, temos um desafio para a sociedade carioca e brasileira, da cultura e da ciência, um desafio que não é só do IDG. Estamos fazendo um alerta em defesa desse patrimônio público carioca: com a redução dos repasses da prefeitura para R$ 2 milhões neste ano, tivemos que assumir que não teremos como levar o contrato até fevereiro de 2020. Assinamos um aditivo e nosso contrato terminará em 30 de novembro. Para isso, continuamos buscando recursos complementares na iniciativa privada, reduzimos despesas e agora estamos esperando a Prefeitura decidir qual será o destino do museu, se haverá um novo modelo de gestão ou um novo contrato de gestão. Independentemente de quem for assumir, a sociedade precisa saber o que vai acontecer", disse Piquet.

 

A reunião teve a presença também da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, que falou das dificuldades de administrar os 600 mil imóveis tombados do Brasil, além da necessidade de continuar abrindo processos novos de tombamento. O presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Paulo César Brasil Do Amaral, que tem sob sua responsabilidade 30 museus no país, frisou que as verbas de manutenção são tão importantes quanto novos investimentos. Ele citou o incêndio do Museu Nacional, que completa um ano em setembro próximo, como exemplo. O diretor da instituição, Alexander Kellner, também compareceu à audiência, assim como Renata Vieira da Motta, presidente do Conselho Internacional de Museus - Seção Brasil, Rita de Cássia De Mattos, presidente do Conselho Federal de Museologia, e Angela Gutierrez, Presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez.

 

Marcelo Calero encerrou a audiência com um discurso firme pela defesa da liberdade cultural e disse que os museus têm papel fundamental na preservação da história e memória nacionais. "A política museal tem que ser uma política de Estado, que, independentemente das paixões políticas e dos governos de plantão, seja encarada como uma necessidade brasileira de preservar a sua memória. Museu é liberdade. Conhecimento é liberdade".