A exposição Sonhos: História, Ciência e Utopia, encerrada recentemente no Museu do Amanhã , foi mais do que uma mostra temporária: foi um convite profundo à reflexão sobre o poder transformador dos sonhos na construção de futuros possíveis.
Curada pelo escritor e neurocientista Sidarta Ribeiro, a exposição explorou o universo onírico através de uma abordagem multidisciplinar, integrando ciência, arte e saberes ancestrais. Desde a instalação "Labirinto – Somos Descendentes de Sonhadores", que destacava a importância dos sonhos em diversas culturas, até a "Galeria de Sonhos e de Grandes Sonhadores", homenageando figuras como Lélia Gonzalez, Paulo Freire e Martin Luther King, a mostra evidenciou como os sonhos moldam nossa realidade e inspiram transformações sociais. Principalmente ao trazer novas narrativas sobre o ato de sonhar.
Para mim, essa exposição teve um significado ainda mais especial. Foi a primeira mostra que acompanhei no Museu do Amanhã após ser contratada como Analista de Comunicação Institucional pelo idg-Instituto de Desenvolvimento e Gestão . Vivenciar essa experiência me fez refletir sobre como para nós LGBTQIAP+ não brancas, o mundo dos sonhos é um espaço onde podemos ser plenamente quem somos, livres das imposições da realidade. Um espaço onde podemos pensar em outras formas de existir no mundo, sem ser essa imposta pela heteronomartividade-cisgênera-patriarcal-colonial.
Sonhar é um ato político. Nós, pessoas negras LGBTQIAP+, somos a materialização dos sonhos mais profundos de nossos ancestrais. Cada conquista, cada espaço ocupado, é fruto de sonhos que resistiram ao tempo e a necropolítica. A arte, os museus e as exposições desempenham um papel fundamental na construção de imaginários coletivos que esperançam futuros LGBTQIAP+não brancos, futuros onde temos o direito básico a vida!
A exposição Sonhos também destacou a importância da arte como ferramenta de expressão e cura. Em parceria com o Museu de Imagens do Inconsciente, foram exibidas 18 obras de artistas como Adelina Gomes e Fernando Diniz, evidenciando como a arte pode revelar as profundezas do inconsciente e contribuir na luta contra esteriótipos associados à saúde mental.
Sonhar é o que me impulsiona diariamente como mulher lésbica negra latino-americana. É através dos sonhos que encontro forças para enfrentar as estruturas de opressão social e imaginar um mundo onde todas as identidades sejam respeitadas, celebradas e tenham direito a vida! É o ato de sonhar que me impulsiona a romper as tiranias do silêncio!
A exposição Sonhos: História, Ciência e Utopia nos lembra que sonhar é um direito e uma necessidade. É uma ferramenta poderosa de resistência e transformação. Que possamos continuar sonhando coletivamente, construindo pontes entre o presente e os futuros que desejamos. Que a gente não se permita cair na rotina destrutiva de automatizar nossos pensamentos/sentimentos a ponto de sufocar nossos sonhos.
Para saber mais sobre a exposição, acesse o site oficial do Museu do Amanhã.