Paço do Frevo anuncia websérie sobre Lia de Itamaracá
No Dia Estadual da Ciranda (comemorado em Pernambuco em 10 de maio), o Paço do Frevo, equipamento público da Prefeitura da Cidade do Recife sob gestão do IDG — une-se ao Centro Cultural Estrela de Lia e ao Itaú Cultural para lançar a série em vídeo “Quem me deu foi Lia”. Através de seis episódios semanais, sempre às quartas-feiras, a produção aprofunda as temáticas de gênero e raça a partir do ponto de vista de seis mulheres negras de setores diversos da cultura. Elas falam ainda sobre a importância de Lia, que completa 80 anos em 2024, e do protagonismo negro e feminino da mestra cirandeira que influenciou gerações de artistas.
Com o patrocínio do Itaú e da Rede e o apoio cultural e financeiro do Itaú Cultural, a série “Quem me deu foi Lia”, produzida por uma equipe de mulheres negras, já está disponível nos canais de Youtube do Paço do Frevo, de Lia de Itamaracá e do Itaú Cultural.
Fazem parte da série Zenaide Bezerra, mestra passista de Frevo, Patrimônio Vivo reconhecido, assim como Lia; Isaar França, cantora; as Irmãs Baracho, cantoras da cultura popular que acompanham Lia; Maria Gabrielly Dantas, ativista de moda e criadora da casa sustentável Casa de Sal; Dona Onete, a Rainha do Carimbó Chamegado; e Dona Carmem Virgínia, chef de cozinha e apresentadora. “Me sinto muito feliz vendo a minha cor junto comigo, levando a cultura e a história. Isso é muito importante. Essas mulheres para mim representam tanta coisa que muita gente duvida”, comemora Lia, ressaltando a felicidade de estrear a websérie.
“Ao se tornar a maior referência de mestra de cultura popular, com uma merecida projeção de estrela, Lia de Itamaracá levou pioneiramente as mulheres negras a um lugar de representação sempre negado, apagado da história. Sua trajetória, além de singular para a história da música brasileira, é um importante marco para que outras pretas avancem em conquista na cultura, à luz do seu exemplo. É emocionante para o Paço do Frevo, além de receber tão significativa exposição em homenagem a Lia de Itamaracá, registrar esses depoimentos de outras artistas e fazedoras que bebem na ancestralidade de suas águas, criando diálogos entre gerações e patrimônios”, reverencia Geisa Agricio, gerente de Desenvolvimento Institucional do Paço do Frevo.
“Essas mulheres e suas narrativas, construídas historicamente, nos provocam a pensar sobre protagonismo, legitimação e afirmação nos diferentes espaços que ocupamos. Ouvindo sua voz me dizer que temos que juntar mão com mão para formarmos uma roda, fica difícil não perceber a importância de Lia: sua força, vida e obra, sua presença-mar e os movimentos de ir e vir de quem escolhe a vida artística são fonte de inspiração, pesquisa e criação. Nessa ritualística que acompanha Lia e seus percursos, cirandamos, resistimos e conjuramos futuros com a rainha que emerge da Ilha de Itamaracá, puxando em sua rede o esperançar, o sopro de vida”, comenta Anne Costa, coordenadora da Escola Paço do Frevo.
A criação da websérie “Quem me deu foi Lia” é de Geisa Agricio, e o apoio de casting é de Anne Costa. A realização é da Gira Conteúdo Audiovisual, com direção de Luara Olívia e produção de Bruna Leite.
OCUPAÇÃO LIA DE ITAMARACÁ - Visitada por mais de 15 mil pessoas desde o dia 21 de março, a Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo celebra a terra, o mar, os sons e todo o universo de uma das maiores artistas da música popular brasileira, no segundo andar do museu. A exposição é um tributo e um reconhecimento à trajetória de uma artista cuja vida e obra vêm seduzindo gerações e fortalecendo a identidade do povo pernambucano a partir da Ciranda e de outros gêneros da cultura popular.
A mostra é composta por documentos, figurinos, objetos pessoais, fotografias, mobiliários e diversos recursos audiovisuais, como videoclipes e imagens recentes de apresentações da artista pelo mundo. A exposição conta também com materiais exclusivos como uma entrevista e um ensaio fotográfico inédito, com autoria de Ytallo Barreto. As canções de Lia, como parte de um cancioneiro popular que aborda as questões mais simples e cotidianas do povo, como o amor, o trabalho e as brincadeiras, também têm o devido destaque na mostra. É possível perceber os sons de Lia com os ouvidos, com os olhos e com a pele.
Idealizada pelo Itaú Cultural, estreou em São Paulo, em abril de 2022, e permaneceu em cartaz até julho. Depois seguiu para a terra natal da artista, acompanhando os desejos da própria. Com o patrocínio do Itaú, da Rede e o apoio cultural e financeiro do Itaú Cultural, a exposição tem a realização do Paço do Frevo e do Centro Cultural Estrela de Lia. A coordenação geral é de Beto Hees, empresário e produtor da artista, a produção é de Marcos Paulo, também da equipe de Lia, e a curadoria é de Michelle de Assumpção, biógrafa da cantora.
O acesso à Ocupação Lia - Paço do Frevo se dá através do ingresso do museu, que custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), com gratuidade para todos os públicos às terças-feiras.