IV Encontro de Pesquisadores do Frevo

Paço do Frevo

Após três anos de atividades, o Paço do Frevo chegou à quarta edição do Encontro de Pesquisadores do Frevo. Espaço para formações, trocas, articulações, divulgação de trabalhos, ampliação e criação de redes, o IV Encontro de Pesquisadores, neste ano de 2017, buscou refinar ainda mais seu caráter plural, propondo o tema “Frevo é Política: alternativas de sustentabilidade e salvaguarda”.

 

A partir das práticas evidenciadas em anos anteriores do encontro e, também, refletindo sobre as avaliações entregues durante as atividades de 2016, para este ano propomos um caminho mais longo, porém ainda mais reflexivo, que evidencia os aspectos colaborativos que permeiam as atividades o Paço do Frevo. Convidamos para um debate sobre a temática e a estrutura do evento os membros do Comitê Gestor de Salvaguarda do Frevo (CGSF), composto por representantes de diferentes segmentos relacionados ao frevo, junto com membros da sociedade civil. Com as discussões e propostas que este encontro entre o CGSF e o Paço do Frevo, procuramos que as ações do IV Encontro sejam ainda mais relacionadas com o frevo e, também, com a perspectiva de pesquisador que estamos evidenciando, desde edições anteriores: não necessariamente vinculada à academia e sim aos diferentes saberes e fazeres ligados ao frevo.

 

Em consonância com posicionamentos empáticos que o Paço do Frevo tem evidenciado – sobretudo desde finais de 2016 até o presente foram evidenciadas as necessidades relativas à sustentabilidade e salvaguarda do patrimônio imaterial, ao mesmo tempo em que surgiram percepções sobre diferentes entrecruzamentos que o tema da política teve no frevo, ao longo de sua história.

 

Política é uma negociação e um diálogo entre percepções, vivências, diferentes trajetórias de vida, é compartilhar a sociedade e os espaços públicos compreendendo o outro como um complemento fundamental no mundo. E não é possível falar do frevo sem fazer referência à sua história, que é também uma história política. O frevo carrega em seus percursos, desde seu surgimento no final do século XIX, diferentes embates e diálogos políticos, moldados pela presença das camadas mais populares nas ruas da cidade do Recife e os conflitos por conta da desigualdade e das diversas disputas pelo espaço urbano.

 

O frevo é uma dança, uma música, uma poética, uma ocupação das ruas, uma explosão de sentidos. Sua apoteose é no carnaval, mas seu sistema de produção atua o ano inteiro, no trabalho de professores, costureiras, bailarinos, artesãos que se preparam para o frevo todos os dias, verdadeiros pesquisadores do frevo. É uma expressão do indivíduo para a coletividade. E é por isso que, apesar de ter sua maior expressão na multidão, se valoriza no papel de cada um que compõe o todo. Reconhecer a diversidade e desmontar os discursos generalizantes é um combate a uma compreensão simplificada e superficial da sociedade.

 

Englobar essas diversas subjetividades é o desafio de instituições culturais que se proponham verdadeiramente representativas, dialógicas com seus diversos públicos.  Refletir, desmontar conceitos, questionar, conversar e repensar a sociedade, estas são posturas que valorizam o olhar sobre o outro e a formulação de um comportamento de mudança, de transformação. É esse o convite que o IV Encontro de Pesquisadores do Frevo fez a todas e todos os pesquisadores, profissionais e pessoas envolvidas com o universo artístico do frevo ou outros bens culturais na busca por delinear alternativas e caminhos para pensar a sustentabilidade do frevo e sua salvaguarda, considerando a memória e a história do frevo, pensando sua longevidade através da sua renovação e transformação, formando plateia para o frevo e educando como estratégia de desenvolvimento.